Aumento da importação de aço chinês gera preocupação para setores da indústria no Brasil

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Com a queda do crescimento da economia na China, a potência asiática passou a exportar mais aço para o Brasil nos últimos meses. O fato vem gerando preocupação crescente na indústria nacional, pois o produto chinês chega ao Brasil com preços difíceis de serem batidos. As exportações são voltadas principalmente a países como o Brasil, onde não há restrições e o produto se apresenta mais competitivo.

O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, durante participação no Congresso Aço Brasil, realizado nesta semana, em São Paulo, demonstrou a preocupação com a crescente oferta do aço chinês e temor pela concorrência. Ele indicou que pode haver redução expressiva nas taxas de operação do setor se nenhuma medida para conter o avanço das importações for adotada. “Se não conseguirmos esses 25% [de alíquota de importação requerida ao Governo Federal], há risco de a China bombardear o Brasil e nos obrigar a reduzir a capacidade em 10%, 20% ou 30%”, disse o empresário acionista da Gerdau, maior produtora de aço do país.

Atualmente, a Gerdau tem 600 funcionários com contrato de trabalho suspenso no Brasil e a empresa teme que o problema se agrave em toda a cadeia do aço. “O problema não é conjuntural, é estrutural. E receio que, pelos nossos processos históricos [de negociação com o governo], não vamos conseguir os 25% de alíquota de importação”, afirmou.

Perdido de intervenção

O empresário cobrou do governo resposta sobre o pedido de elevação da alíquota feito pelo segmento, em caráter emergencial, e que está sem resposta até o momento. Já setores consumidores de aço alegam que a indústria quer usar o aumento de imposto para elevar os preços de seus produtos.

Minas Gerais representa 60% da produção da Gerdau, segundo o presidente da empresa, Gustavo Werneck. Ele lembra que a entrada de aço chinês no mercado brasileiro chega a um volume que equivale a 29% da produção nacional, estimada para este ano em 32,385 milhões de toneladas de aço bruto.

“Nós temos duas plantas paradas, no Ceará e no interior de São Paulo, porque não tem condições de competir”, diz o executivo em reunião com analistas de mercado, fornecedores e clientes no Gerdau Stakeholder Day 2023. O evento, em 20 anos, foi realizado pela primeira vez em Belo Horizonte e reuniu cerca de 140 pessoas, também nesta semana.

Concorrência

Com as importações crescendo sempre em taxas acima de dois dígitos ao ano, as fábricas e confecções têxteis enfrentam a concorrência dos produtos chineses há vários anos. Um estudo feito pela Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerias (Fiemg), a partir de dados fornecidos pelo Governo Federal, mostra o impacto das importações de baixo valor, como itens eletrônicos, moda e de automação e segurança para construção. De 2021 para 2022, as importações de baixo valor saltaram de US$ 5,7 bilhões para US$ 13,1 bilhões, com avanço de 132%, de acordo com o estudo.

“Esse é um problema que sempre existiu, mas que se intensificou nos últimos meses”, avalia o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, empresário do setor têxtil.

De janeiro a agosto deste ano, essas importações chegaram a US$ 3,3 bilhões, segundo estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade analisou a importação de mais de 10 mil tipos de bens de consumo com valor individual de até US$ 50 e identificou que a maioria tem origem na China.

A estimativa do estudo da Fiemg é de que o fim da isenção para importação de baixo valor poderia gerar um adicional de US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões, ou até R$ 40,32 bilhões, pela cotação atual. As informações são do EM.

 

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