Série Debaixo da Terra, Acima dos Padrões: Sensibilização da Liderança

Publicado em

 

Vamos iniciar falando da comunicação eficaz entre a liderança e os funcionários na ponta dos processos, uma vez que sabemos que é crucial para o sucesso de qualquer organização, especialmente na indústria. E muitas vezes, observamos que, apesar dos esforços significativos, a indústria não consegue transmitir eficazmente seus objetivos estratégicos, valores e compromissos aos trabalhadores. O problema frequentemente começa quando um diretor elabora uma estratégia bem pensada e a comunica à gerência. A informação, então, passa por vários níveis hierárquicos, tornando-se cada vez mais diluída até chegar aos funcionários na ponta dos processos.

Nesse cenário, a mensagem original da diretoria muitas vezes se perde ou é mal interpretada. A solução para esse dilema é surpreendentemente simples, mas raramente implementada em grandes corporações apegadas à burocracia: comunicação direta. Independentemente da estrutura hierárquica, deve haver um canal de comunicação direta entre a alta liderança e os funcionários que realmente fazem o trabalho. Com a tecnologia atual, essa comunicação direta é mais viável do que nunca, mas ainda é uma prática rara.

Afinal, se até textos sagrados como a Bíblia podem ser interpretados de várias maneiras, como podemos esperar que documentos corporativos sejam compreendidos de forma unânime? Portanto, a liderança deve tomar a iniciativa de se comunicar diretamente, mesmo que online, com os empregados que fazem a empresa funcionar. Isso não apenas melhora a compreensão dos objetivos da empresa, mas também aumenta o engajamento e a moral dos funcionários.

Claro que isso só vai acontecer se houver um comprometimento da liderança. Sem o apoio e a direção da alta gerência, qualquer tentativa de implementar mudanças significativas está fadada ao fracasso.

E a liderança deve estabelecer objetivos e metas claras, que devem ser comunicados e desdobrados para todos os níveis da organização. Ter objetivos e metas bem definidos é o segundo passo crucial. Esses objetivos devem ser específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e limitados no tempo (SMART). Eles servem como um roteiro para a implementação do sistema de gestão e fornecem um quadro dentro do qual a eficácia das estratégias pode ser avaliada.

O terceiro elemento vital para uma mudança de cultura eficaz em segurança, saúde e meio ambiente é a formação de uma equipe multidisciplinar. Agora, se estivermos falando de uma grande organização como a VALE, é mais provável que essa equipe já exista e seja altamente qualificada. No entanto, para empresas menores, a formação de tal equipe pode ser um desafio significativo.

Nesse contexto, sempre tive uma visão sobre cooperação que, infelizmente, raramente se materializa. Organizações como o SINDEXTRA, focadas em promover a mineração, poderiam criar uma mesa de diálogo entre diversas mineradoras para trocar experiências e melhores práticas. Este também deveria ser um papel desempenhado por entidades como o SESI ou a FIEMG. No entanto, é lamentável que essas organizações muitas vezes desviem de suas missões originais para competir com o setor privado.

Por exemplo, a FIEMG, ao oferecer serviços de terceirização do SESMT, torna-se uma concorrente direta das empresas privadas que fornecem o mesmo serviço. Esse é um problema grave no Brasil, onde entidades governamentais e autarquias frequentemente abandonam suas funções primárias em busca de objetivos financeiros. Assim, a FIEMG falha em cumprir seu propósito original e deixa um vácuo que poucas organizações estão equipadas para preencher. Este desvio de foco não apenas prejudica a eficácia das iniciativas de segurança e saúde, mas também mina a confiança no sistema como um todo.

Bem, uma vez que tenhamos comunicação, metas e interdisciplinaridade basta medirmos a performance e os indicadores de desempenho são ferramentas cruciais para medir o sucesso do sistema de gestão. Eles fornecem uma visão geral do desempenho e sinalizam onde correções de curso podem ser necessárias. Com a evolução da tecnologia, a gestão por indicadores tornou-se mais acessível e eficiente do que nunca. Plataformas como o Data Studio do Google e, mais notavelmente, o PowerBI da Microsoft, revolucionaram a forma como as organizações monitoram e avaliam seus indicadores de desempenho. Essas ferramentas não apenas iluminam os dados, mas também tornam mais fácil para as equipes entenderem e agirem com base em insights em tempo real.

Bem, uma vez que tenhamos comunicação, metas e interdisciplinaridade bem estabelecidas, o próximo passo lógico é a medição da performance. Os indicadores de desempenho são ferramentas cruciais para medir o sucesso do sistema de gestão. Eles não apenas fornecem uma visão geral do desempenho, mas também sinalizam onde correções de curso podem ser necessárias. Com a ajuda de tecnologias modernas como o Data Studio do Google e o PowerBI da Microsoft, a gestão por indicadores tornou-se mais eficiente e acessível. Essas plataformas permitem que as organizações monitorem seus indicadores em tempo real, facilitando a tomada de decisões informadas e a implementação de melhorias contínuas.

Mas a medição da performance é apenas uma parte do quebra-cabeça. A sensibilização da liderança não é apenas um requisito formal, mas um imperativo ético e estratégico. A liderança eficaz em segurança, saúde e meio ambiente vai além do cumprimento das normas; ela cria um ambiente de trabalho onde a segurança é valorizada e integrada na cultura da empresa. Isso não só melhora a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também estabelece uma relação mais sustentável com o meio ambiente e a comunidade em geral.

Em resumo, a sensibilização da liderança é a espinha dorsal de qualquer sistema de gestão eficaz em segurança, saúde e meio ambiente. Ela serve como o elo que une a comunicação, as metas, a interdisciplinaridade e a medição da performance, criando um ecossistema onde a segurança e o bem-estar são prioridades, não apenas checklists a serem cumpridos.

Rodrigo Oliver é Engenheiro de Segurança do Trabalho e Higienista Ocupacional, com consultorias prestadas para mais de 200 empresas na área de mineração; responsável técnico pelo software eSocial Brasil e pela rede de clinica médicas ocupacionais Pro Life, com atuação em Itabira, Barão de Cocais, Nova Lima, Itabirito, Mariana e Congonhas..
Rodrigo Oliver é Engenheiro de Segurança do Trabalho e Higienista Ocupacional, com consultorias prestadas para mais de 200 empresas na área de mineração; responsável técnico pelo software eSocial Brasil e pela rede de clinica médicas ocupacionais Pro Life, com atuação em Itabira, Barão de Cocais, Nova Lima, Itabirito, Mariana e Congonhas.

Matérias Relacionadas

“A Concessão Itabira Iron”: Livro relata a história da mineração em Itabira.

"A concessão Itabira Iron, a origem da Vale e os primórdios da mineração no...

“É impossível conduzir uma agência na situação que ela está” – diz AMIG sobre Agência Nacional de Mineração

A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil(AMIG) declarou apoio aos...

“Gente cuidando das águas” – projeto da Nexa é destaque em evento da ONU

O "Gente cuidando das águas" foi desenvolvido pela mineradora Nexa com apoio do Banco...

últimas Matérias

 Anglo Gold Ashanti tem vagas de estágio para níveis técnico e superior

Vagas se destinam tanto a atuações presenciais quanto híbridas, com carga horária diária de 6 horas; Inscrições podem ser feitas pela internet até 31 de agosto

 Ato em defesa da ANM – servidores protestam pela estruturação da Agência Nacional de Mineração

Servidores da Agência Nacional de Mineração estão com as atividades paralisadas como forma de...

 Funcionários dos Correios desistem de greve na véspera da Black Friday

Servidores cogitavam paralisação para reivindicar correções em Acordo Coletivo e melhores condições de trabalho, mas desistiram da ideia após terem pedidos considerados pelos Correios

‘AMM nas Micros’ chega em Conceição do Mato Dentro na próxima semana

A caravana do “AMM nas Micros” volta às estradas e desta vez o objetivo...